Um homem no chão - baleado com quatro ou cinco tiros - agoniza na fria noite de São Paulo. Delírio? Confusão mental? Este é o intrigante início de mais um romance policial de Joaquim Nogueira, conhecido pelo estilo que intensifica o clima noir de suas tramas. A ascensão profissional do protagonista no mundo do crime o transformou em homem importante no comando de uma organização - suposta razão para ser assassinado: quem sabe ciúme de outros dirigentes, quem sabe queima de arquivo do próprio chefe. Acompanhando uma narração febril, o leitor mergulha com o personagem num submundo em que se misturam eventos da infância e adolescência, cruzados à memória de amores e fracassos. Em seu delírio, atravessado pelo frio e pela dor física, o narrador navega da lembrança da mãe até o peso da ausência dos amigos que, já assassinados, moveram-se no mesmo "barco" que ele. Nas infindáveis horas de agonia de seu protagonista, Joaquim Nogueira traça mais um grande painel do submundo urbano onde vidas se perdem, arrastam-se e se misturam ao poder institucionalizado e corrompido. "Homens ao mar", afinal, são todos aqueles para cuja vida não há salvação nem resgate.
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